Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones

Ela era uma menina inteligente, esperta, até gentil. Não era genial, nem a mais desenrolada. Tinha problemas de temperamento, um humor difícil. Mas era uma boa menina. 

Ela podia tudo. Ela teve tudo. Passou pela vida tendo muitas oportunidades e poucos desafios. Deram na mão dela todas as ferramentas necessárias: saúde, educação, suporte emocional. Era só não fazer uma merda muito grande. 

Bom, nenhuma grande merda foi feita. Juro! Erros sim, claro. Que não os comete? Mas nenhum erro grotesco, nenhum tropeço assim tão relevante. Ela estudou, conheceu gente, visitou lugares. Leu, assistiu. Se encheu de conhecimentos bons. Nunca foi a melhor, nem queria. Era só não falhar. Tava tudo bem. 

Mas inexplicavelmente, mesmo com um caminho tão sedimentado e frutífero, mesmo tendo o cuidado de não fazer nada grave que pudesse estragar tudo, ela simplesmente não conseguiu dar certo. Passou a vida se iludindo de que seu momento ia chegar. O que ela não sabia é que não havia garantias. 

E deu errado. Ela falhou. Não foi nada grave que fez. Não foi um acontecimento inesperado e trágico da vida. Só não deu certo. E o sabor dessa derrota se instalou na sua língua. Tomou todo o céu da boca, e seguiu escorrendo goela adentro. Amargo, azedo, ácido. Preencheu cada centímetro de suas veias. Até ela inteira se tornar um grande vazio cheio de dor. 


Não tem amigos, não vê garotas

Só gente morta caindo ao chão

Ao seu país não voltará

Pois está morto no Vietnã




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